14/11/2010

Um homem como Drummond

Eu queria um homem como Drummond
Que acordasse inspirado e recitasse seus versos
Moraríamos em uma casa entre bananeiras, em uma Cidadezinha qualquer
Ele saberia que na Maternidade o que falta é um detalhe, o detalhe do pai
Ele buscaria a razão de ser em outro ser, “Amor” – ele disse
Deixaríamos Entre o ser e as coisas, o nosso amor gravado
E o que poderíamos então fazer senão,
“entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?”

O outro lado

Como pode o homem amar o que é somente belo? Como pode não amar a feiúra por baixo da bela pele? Como? Por acaso não estarias ao meu lado no leito da minha dor? Da dor da doença que fede e maltrata, que toma de mim o vigor e a beleza. Terias tu um coração de estudante guardado em teu peito? O coração de quem tudo sofre e espera, tudo crê e suporta? Que coração seria o teu? Não rejeites o que encontras agora, pois no passado fizestes poesias e músicas para mim, cantavas da minha pele alva, do olhar que sempre sorria quando passavas. Não fujas, não deixes que teus olhos te contaminem, enxergues com o coração, ele é são e pode ver que ainda sou a mesma dantes amada por ti.

13/11/2010

Escrito por ela

Achei folheando um de seus livros. Elas estavam lá, as palavras, dediquei minutos pensando nos sentimentos ali contidos. Talvez escrito por causa de momentos não vividos.

"Debaixo da macieira eu acordei você, ali, onde você nasceu, no lugar onde sua mãe deu a luz.
Grave o meu nome no seu coração e no anel que está no seu dedo. O amor é tão poderoso como a morte; e a paixão é tão forte como a sepultura. O amor e a paixão explodem em chamas e queimam como fogo furioso. Nenhuma quantidade de água pode apagar o amor, e nenhum rio pode afogá-lo.
Se alguém quisesse comprar o amor e por ele oferecesse as suas riquezas, receberia somente o desprezo".

Não quero que o amor vire palavras escritas em um papel de pão, anos depois lembraria de tudo que vivi e talvez pensaria que tudo poderia ter sido diferente se eu tivesse lutado pelo que eu acreditava. Mesmo que me custe a dor de receber um não, maior seria a alegria de saber a resposta do que imaginar como poderia ter sido o final da história. Tudo tem um preço, especialmente a felicidade.

Nas livrarias

Eu não sei encenar, bem que gostaria. Não sei paquerar, só depois de uns "goró". Não sei fazer o que está no manual da conquista, queria aprender só para você reparar em mim. Tentaram me avisar que você jamais me olharia, apenas acharia engraçado tudo isso. Tudo isso que sinto.
Quando te via conversando tão espontaneamente com outras meninas batia uma inveja delas. Comigo você timidamente falava um "oi, tudo bem?" e logo saía. Será que estava escrito na minha testa: "Gosto de você, corra!"?! Se não estava parecia (risos). Não seria por isso que pensaria em perder a única oportunidade de cumprimentá-lo, mesmo que por 10 segundos cronometrados.
Por algum tempo alimentei meus sentimentos, sempre "viajava" quando do alto te admirava. Você e seu brinquedinho, no mínimo engraçado. Aposto que era para não ficar entediado. Quando friamente me disseram "Ele vai rir de você" meu mundo caiu. Parei. Repensei e voltei atrás, não queria mais sentir nada por você, nada. Por algum tempo eu insisti em esperar, mas eu precisaria ser corajosa demais. A fé que eu tinha não bastava.
Desviei meu olhar. Busquei atalhos. Em uma noite eu percebi que não daria mais para fugir você estava nos meus sonhos, e como se não bastasse ainda sonhava acordada. As lembranças são tantas, vivi poucos momentos ao seu lado mas guardei todos os outros em que atuei como coadjuvante.
Não sei o nome que dou para o que sinto. Amor é tão forte que não ouso pensar, gostar é pouco demais. A minha certeza é que esse misto de prazer e agonia me faz sorrir. Se eu dissesse que isso basta estaria mentindo, não basta. Vivo um futuro que só pertence a mim, onde você está presente. Não é justo, né?! Não comigo. Quem sabe se um dia, quando eu crescer e junto comigo a maturidade, quem sabe nesse dia consigo ver o que está diante dos meus olhos, um lindo romance nas prateleiras da livraria.

Amor

"O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.

"Amor" - eu disse - e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no canto mais oculto do jardim,
mas seu perfume não chegou a mim."

Carlos Drummond  de Andrade

10/11/2010

Nem tudo vale a pena

Adoro os textos e algumas ideias de Fernando Pessoa. Certa vez, conversando com um amigo ouvi dele que nem tudo vale a pena mesmo a alma não sendo pequena. Hoje, mais do que em qualquer outro dia, tive a certeza de que nada vale mais do que meus princípios e o amor de Deus por mim.
Dediquei muito do meu tempo a realizar um sonho, meu coração insistia em dizer que meu lugar não era ali, ignorei. Tive a certeza que Deus estava ao meu lado, mas eu passei a não estar ao lado dele. Nosso relacionamento começou a esfriar, nossa cumplicidade e fidelidade, os sentimentos mais belos estavam morrendo por algo tão efêmero. Será que realmente valeria a pena?
Pedi perdão, me coloquei de joelhos e confessei minha traição. Traí a pessoa mais importante da minha vida, meu Pai. Ele esteve presente quando todos se ausentaram, quando eu tinha perdido tudo. Sabe o que significa tudo?
O amor dEle é meu fôlego, nada mais vale a pena. Nada.

08/11/2010

Gira, moinho. Gira.

Eu girei a moenda, suei. Dei o primeiro passo para o caos e aboli a identidade da boa moça e rezei a cartilha dos maus. Vai dar com a língua nos dentes se quiser, conta para a mamãe que faço tudo do avesso e pede para que ela me coloque de castigo. Cansei.
Nada é como antes, a hipocrisia ardeu em meus olhos. Jamais serei como antes. Gira moinho, gira. Gira e faz com que as consequências cheguem depressa, que no campo dos ceifeiros cada ato de maldade seja colhido. Gira, moinho. Gira.

Nos meus sonhos seu amor é real

Esta noite eu sonhei com você. Suas mãos percorriam as silhuetas do meu corpo, seu lábios cálidos acariciavam minha pele, me senti protegida entre seus braços. Eu sinto saudades do que não vivi. Por uma noite eu fui sua, fantasiei.
Quero voltar para você, quero os lençois que testemunharam os gemidos, quero as paredes que murmuraram comigo, quero pertencer ao instante de nós dois para sempre.
Seu olhar segredou-me algo outrora jamais dito, os sentimentos penetraram no silêncio eterno da minha alma e como navalha talhou minhas dúvidas e reteve minhas lágrimas prometidas à dor da sua ausência.
Permita, por favor, que esta noite eu não durma sozinha. Volta, volta para os meus sonhos e me devolve o seu amor. Volta.

05/09/2010

Ilusão

Os meus sentidos andam enganados, debruçaram sobre a esperança de caminhar ao teu lado, sonharam com momentos que nunca existiram, iluminaram noites que jamais foram reais. Se a sua estrada se juntasse a minha, se percorrêssemos os mesmos atalhos, se fôssemos cúmplices desse caso, se...
Seríamos perfeitos com Aquele que é a perfeição, nossas diferenças não seriam importantes, a grandiosidade estaria em buscarmos a felicidade um do outro. Seria perfeito mesmo em meio a imperfeição. Ou seria ilusão?
Ilusão imaginar você pra mim. Doce ilusão. Você jamais imaginou que o meu olhar fosse de amor. Ilusão. Seria minha morte acordar desta ilusão e ouvir seu não. Você não compreende como é bom te querer, ilusão. Meus devaneios registram um final feliz, um beijo de amor sem fim. Pobre ilusão.

01/09/2010

Rota

Em casa, na sala, sentada no sofá, pensando, veio o prisioneiro e me tirou o sossego. Amigos?, ele perguntou. Não, respondi. Como poderia? Como seria? Não. Fechei a janela. De noite, no quarto, berros. Não me contive. Berrei. Explodi. Ponto Final. Meus sonhos, meus objetos, meu sorriso, a construção de anos... Se foi. O que eu perdi? Nada. Ganhei. Venci. Subi um degrau. Escorreguei. Agarrei. Subi mais dois degraus. Não mudei meus objetivos, mudei a rota. A carne foi cortada pela navalha da traição. Cicatrizou. Horas, dias, meses, anos, voltei. Olhei. Caminhei e senti o vento, ouvi os pássaros, calei. Silêncio. Sobrevivi, eu disse. Acalentada pelo amor de Deus, abastecida pela fé em Sua graça, sorri.

Chance

Perdemos preciosos momentos com um único movimento. Chegamos com nossa bagagem cheia de marcas e com medo não arriscamos. Passou. Os minutos não voltam. Acabou. Nova chance? Amanhã, talvez.

Abri os olhos.

Meus olhos abriram para o que eu não queria enxergar. Doeu. Sofri. Lamentei. Não consigo mais fechá-los. Os sentimentos que descobri serão transformados, virarão lembranças. As lembranças não se apagam, apenas não ferem mais. Dormirei tranquila novamente, sem fechar a porta.